30.8.10

O melhor do filme Coco Chanel & Igor Stravinsky é uma cena apoteótica bem no início, quando a peça musical e a performance dos atores é execrada pelo público. E claro, a atriz que faz a Coco, muito bonita.
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27.8.10

A sede de aprender é grande. Experimentando a lida com fdps de ontem e de hoje. Assimilo lições só depois de chegar em casa e tomar banho. Falando em passado  no presente (li recentemente "the past is everywhere) ...
A professora de tópicos em poesia, que discorre ininterruptamente, como o Lucky do Beckett quando em transe, sobre Os Acarnenses, Aristófanes, e todos os autores gregos antigos, ilustra bem um verbo inglês que não conheço tradução: giggle, uma risadinha onipresente, tique nervoso. Ela mostra, através de um conhecimento impressionante sobre cultura clássica, entrecortado por "giggles" constantes, que o mundo é o mesmo e só mudaram as gentes. Minha impressão de que nada mudou talvez venha da crença na evolução do homem, e ver tanta semelhança entre presente e passado enfraquece a idéia de grandes mudanças. Vou ler Platão somente agora. E Aristófanes, que nem sabia ter existido.
 
Acordar cedo e ouvir o Dear Sir da CatPower da vontade de ir a praia e pegar sol e cheirar o mar.
Graças, aula da tarde confirmada. Tava desnorte. Bem, um colega mandou email descrevendo a típica trilha sonora de uma carreira acadêmica. Hip-hop no doutorado. Pô, me antecipei em anos ouvindo fugees fanaticamente quando ainda tava na escola...
O que significa o riso?

8.8.10

Livros e discos


Er - Livro: comecei ontem a ler um livro com a transcrição das transmissões do programa que E. M. Forster teve na BBC. Chama-se The BBC Talks of E. M. Forster: 1929 - 1960 A Selected Edition. Forster era muito engraçado. Aquele tipo de graça que parece não intencional, mas que na verdade é bem arquitetada, como qualquer boa criação literária.

Num dos programas ele apresentou a conversa que teve com um policial. A conversa, claro, é criação dele. No fim do texto, eu soube que na realidade vários escritores na época receberam a encomenda de produzir textos para a série "Conversations in Train". Parecido com a série de romances que a Cia das Letras publicou com escritores contemporâneos e suas histórias em diferentes cidades do mundo.

O diálogo com o policial foi apresentado na época, na BBC, pelo próprio Forster e por Bob Buckingham, o amante de Forster que de fato era policial e homem casado. Forster cria falas espirituosas para ele mesmo, brincando com a idéia de repressão que a profissão de Bob passa para as pessoas comuns, como o próprio Forster. Primeiro ele diz que todo mundo tem medo da policiais. Esse medo vem, segundo ele, do inconsciente coletivo, porque todo mundo carrega algum traço, em maior ou menor escala, de culpa. O policial rebate dizendo que seu papel não tem nada a ver com repressão e sim prevenção, para que pessoas como ele, Forster, consigam levar suas vidas adiante, protegidos. A relação polícia vs. punição é o tempo todo colocada por Forster e amenizada por Bob, sendo que o diálogo flui como um verdadeiro flerte entre os dois. Quando Bob fala do quanto precisou ler sobre leis e jiu-jitsu para prestar uma prova e conseguir promoção, Forster se diz espantado. Ele pensava que bastava prender pessoas.

Disco: Swim, do Caribou. Bem feito, criativo, sexy.