25.6.09

25/6/2009

Michael morto. Fairy tale terminado. Triste, triste, mas necessário para o fairy tale existir. Não dá pra usar conto de fada. Acaba com o que quero dizer.

Curiosa a entrevista com Annie Proulx, possessiva: ela diz que Jack e Ennis, personagens de Brokeback, pertencem a ela por lei. Fica irritada quando recebe cartas sugerindo enredos alternativos para os personagens. Curiosa porque geralmente os escritores demonstram mais tranquilidade em relação a suas criaturas/criações. Se bem que posso estar enganado. Saramago, Eco, existem muitos como Proulx.

Jack, de A. M. Holmes, não deixou sair da rede hoje.

baba é bom

Bem, não combina muito comigo entrar na onda anti-emo. Dor de cotovelo é uma forma de auto-conhecimento. É bonito quem se permite. Gosto de letras de amor doloridas, coração partido, vaidade escorrendo pro bueiro. Faz um tempo que escuto My Maudlin Career, do Camera Obscura. Lindo. Descobri agora que a dona da voz que canta situações belas e angustiantes tem nome cearense, a escocesa Tracyanne.

23.6.09

guinness

Ontem e hoje em Quixadá tenho vivido algumas quebras de recorde.
O pior chocolate do mundo: marca bel. Horroroso. Pensei que fosse de fora, tipo Guiana, mas é de São Paulo.
A pior cueca do mundo: sem marca, óbvio. Saída de emergência porque não trouxe nenhuma além da que veio no corpo. Dois reais.
O pior docinho de caju do mundo: sem marca. Fibroso, sem gosto, seco arrg. Pra tirar o gosto ruim da boca comprei um serenata. Dentro do bombom veio a seguinte mensagem: Boca seca, taquicardia e tremedeira configuram o que chamamos de amor à primeira vista... blábláblá... é bom pra caramba. Bom pra quem? Essa fase é ruim pra caramba, quase nunca coincide de dois se encontrarem com a mesma vontade. E sempre acontece de um maneirar, segurar, gelar quando vê o outro babando. A mensagem termina: ... sempre que não souber o que fazer em relação a uma mulher, mande flores. Concordo com uma mensagem que li sobre um video do youtube: que mundo emocore jeca! Os anos 90 dão saudade.

21.6.09

zulivre

Um convite num envelopinho azul com seu nome escrito no verso. Nome escrito errado, borrado e escrito certo em seguida. Convite entregue com o borrão. Descuido, mensagem na entrelinha, ou economia (da matéria-prima... do planeta, do tempo da pessoa), não importa o motivo para o borrado, ele quer dizer alguma coisa. A partir de hoje, desaconselho a qualquer um atender a convites borrados. De qualquer jeito, chá de baby é coisa pra quem tem, teve, ou terá baby. No futuro do pretérito é tudo tão óbvio.

Muito melhor ouvir pato fu. Uns mergulhos no mar. Perceber a euforia-alívio-indignação de funcionários de supermercado no fim do expediente de domingo. Conversar com a Cellis, ou qualquer pessoa verde/madura livre do pior tipo de medo, o de si.

20.6.09

escrita

Gostaria de encontrar uma esferográfica definitiva, perfeita. Estou experimentando trilux, faber. Tinta tão clara que se torna incolor no meio da página. A compactor borra com o tempo, pelo menos comigo. Nunca mais usei bic. É comum algum vendedor, caixa, ou recepcionista ter uma bic cristal ou similar com escrita macia que desliza perfeita, tinta azul-escuro impressionante, vivo, como eu gosto, estrutura exterior combalida, mas no todo um verdadeiro sonho. Nunca dão de brinde nem fazem vista grossa caso eu tente me apossar num lapso-reflexo verdadeiro. Falando nisso, as melhores que usei ultimamente são dessas de merchandising, zolper fashion... etc.

18.6.09

A arte de andar de bicicleta

Aula de leitura em prosa inglesa. Abri com Shirley Jackson, The Witch; After You, My Dear Alphonse; e Charles. As horas de um dia inteiro gastas com prazer para elaborar o todo da aula. Resultado: como hoje em dia ninguém mais se detém nesse tipo de brincadeira, mesmo que se entregue os pontos e mostre o detalhe que salva um determinado texto do ordinário, nada brotou da leitura -discussão, aprofundamento, pensamento, inquietação, dúvida, ou incômodo - que serviu apenas para exercício de compreensão. Para variar vibrei sozinho.

Fiquei em outro quarto do hotel essa semana. Maior e pior que o anterior por causa do mofo numa parede. Dentro dele dormi apenas duas noites, ouvindo Chan Marshal. O mesmo quarto que o casal em lua de mel dormiu duas semanas atrás. Dormi na mesma cama de casal que eles dormiram - miseravelmente sozinho, morrisseymente - e só pensei nesse detalhe no instante em que entrei e vi a cama. Depois disso apenas dormi, acordei e fui direto trabalhar.

Percebi nessa semana um aviso dentro do ônibus de ida pra Quixadá com os nomes do motorista e da mulher que serve de assistente. Não sei definir a função dela. Ela vende comida e bebida e cobra passagens de quem sobe no meio do caminho. E informa que estamos num ônibus classe executiva, com menos paradas pelo meio do caminho, e portanto com trajeto mais rápido. Passagem mais cara. Ele se chama Pordeus Carlos. O nome dela esqueci mesmo, mas é desses feitos com dois outros nomes. Cleajane? Janiclea? Esqueci.

Tenho tido sorte de falar com mulheres desconhecidas. Sarah, Jane, Regilídia. Respectivas dentista, esposa de militar, e dançarina. Me sinto como se aprendendo a andar de bicicleta.

3.6.09

5 minutos

Quixadá é aqui. Familiar e estranho. Medina cearense, como todas as outras. Barulho barulho.
Quando entrei no quarto do hotel, ri de surpresa. Pequeno, cama velha de madeira pintada de branco, uma cadeira vermelha de ferro dessas de bar. Um ventilador sem tela. O trinco da porta removível. Um buraco no teto de gesso tapado com sacola de supermercado. Uma janela com um posto de gasolina logo em baixo. Um corredor muito longo com duas aberturas para a construção de mais quartos não concluídos, mas que dá para ver um monólito gigante ao fundo. Um jovem casal gay em lua de mel no quarto ao lado. Ouvi um grito na primeira noite. Alegria, dor, as duas coisas?
O cara da recepção se chama Chagas. Peguei ele duas vezes de surpresa bem extrovertido, molecando com um mecânico, que deve trabalhar no posto. Ao me ver Chagas se fecha.