27.9.11


pouca mobília passa a impressão de mais espaço ou de que o espaço é maior do que de fato é. um quarto vazio, no entanto, parece menor. ilusão de ótica?
espaço vazio: desafio; do nada, possibilidades infinitas.

20.9.11

a mulher das vitaminas na rua josé gentil disse ontem, depois de elogiar muito um cão hiper peludo (de lacinho) e sua famlía, que pararam em frente pra dar tchau, que adorava bichos, mas longe dela. uma cliente se espantou e disse, sério? eu prefiro bichos mil vezes mais do que gente. a mulher - das minhas - respondeu que apesar de tudo, preferia gente, fazer o que?

16.9.11

Gostaria de meditar sobre essa sensação agora, de abrir um livro comprado, faz muito tempo, possivelmente em sebo - não lembro realmente como adquiri alguns dele - e dar de cara com uma dedicatória, rabiscada mal-ajambradamente para outra pessoa.
Não consigo nem lamentar o fato do livro dado ter sido "rejeitado" ou perdido tamanha a emoção + estranhamento + adrenalina de estar me intrometendo na vida alheia... rabiscos garrafais.

15.9.11

personagens-vulgaridade
alguns metros quadrados - janela - cama - mesa - poltrona - papel - canetas. livros!
menino flanelinha  não quis torta de chocolate
máquina de coca-cola recusou todas as notas de 2 reais
paguei passagem de ônibus pra pedinte tatuado
jorro: SMSs

9.9.11

Just Kids, da Patti Smith, até o momento, é como a versão Anos Incríveis da irmã hippie do Kevin Arnold contada por ela mesma.

Muita gente lendo Stieg Larsson.

Ouvindo Supremes e percebendo como elas têm sido sampleadas.

Raimundo dos queijos. 

7.9.11

Now I'm teaching poetry and, at this exact point, William Carlos Williams. Although he is not one of my favorites, I really love this poem:


This is just to say


I have eaten
the plums
that were in
the icebox


and which
you were probably
saving
for breakfast


Forgive me
they were delicious
so sweet
and so cold.


Students were asked to write a parody out of it. The author of the material I'm working with was inspired by parodies like this: http://somewhereinthesuburbs.wordpress.com/2008/04/21/this-is-just-to-say/


I did my own to inspire students:



This is just to say

I care less
each day
about the plums
you ate

the fancy
poem you made
out of that
is delicious

there is also
no regret
in having left
that icebox with you 

it was relaxing after a productive and tiring day.

6.9.11

Controle: quando nada dá certo, reconheça os limites, aceite o mundo como ele é, ou ao menos o ignore, mande tudo pra casa do caralho, relaxe, ouse puxar conversa com um desconhecido e se deixe levar. se possível até a livraria mais próxima e compre de uma vez por todas aquele livro que você adia a leitura desde que foi publicado porque estava ocupado tentando chegar em algum lugar subtraindo metade de si no meio do caminho. Foda-se. O livro é Just Kids, Patti Smith.

30.8.11

Back to classes, teaching Hemingway in a smalltown, up in the mountains, north of state. This place reminds me of nicaragua or costa rica and i don't know why because i've never been in such places. Maybe it's because of the green bright tropical landscape up here, totally different from the scenery down in arid, hot sobral surroundings. 
Hills like white elephants, the story we read yesterday night, has this coincidental setting. Just that, as i have pointed out, the hills around here are green. And when we are coming up, in a shabby wagon adapted with wood seats in the back to transport as much people as it is possible, there is a fantastic smell of bush, or wood, i don't know exactly what it is, nor people who i have asked know which smell it is. I think it is cedar, it feels like cedar perfume my brother used to wear.
Teaching English Literature to people who barely know the language is a pain, but money talks. As always i get moved with students. Their trying to overcome obstacles, canyons, to be there and get something with their courses. They are simple, sincere and nice. I'll post some photos of the school later. It's an old building. By the road there's a house dating from 1927, it is marked on its front.
It's funny the difference of behavior if one compares average people here and from my own city. Fortaleza is large and so but most of people there are from places like this, in the countryside, like my parents. Here, the nice, affectionate approach is part of the social code. Whereas in Fortaleza, it is not like this anymore.
There is an eating arena, made of three tiny restaurants. Solange, the owner of the one I always go, welcomes me warmfully and calls me professor. She served me meat covered with mashed potatoes, that was delicious. Low job people that go there always nod to outsiders like myself. Civil servants or any other chump with a good position fakes noticing others around, just like in my town.
I read some stories from Gilberto Noll's A Maquina de Ser, after lunch. Yeah, I'm liking it. I like the oddness this author seems to like. Stories are really short, like a fragment or a sophisticated summary for real short-stories... them feel a little awkward, and good.
While still there I noticed a pretty gay kid wearing lilac pants and golden yellow shirt. He seemed too young even for the thought of flirting. He's already fag voiced, and likes to be the spot. It's the second gay emo kid I find here... wait, he could be my Cadmo... No, i'll never satisfy with just contemplating as the man in Mann's novel. The lilac pants boy closed down the shop he was and went away with some girls. He was carrying some Clarice Lispector book. 
Today I will use this video for discussion:




28.8.11

beloved Whitman


Agonies are one of my changes of garments,
I do not ask the wounded person how he feels, I myself become
the wounded person,
My hurts turn livid upon me as I lean on a cane and observe.

23.8.11

sobre a promiscuidade: "descoberta do novo, criatividade" - Tim Dean, Bareback Sex - Unlimited Intimacy.
"death is the only good of which death cannot cheat us, once we have begun to live sexually. To die after a year of sexual happiness is no sadder than to die after thirty years of it" - Susan Sontag - Reborn

sobre a tradução: "It's better to have a live sparrow than a stuffed eagle" - Edward Fitzgerald. Ou seja, melhor o texto traduzido que pareça vivo, presente. Evitar recriar o texto com arcaísmos, etc.

na cabeceira: um panorama visto da ponte (a view from the bridge) - Arthur Miller. tradução: José Rubens Siqueira. Apesar do título ter ficado esquisito em português, o texto flui rápido e bem. Conservaram no corpo do texto a letra original de uma música, "Paper Doll", que começa assim: "I'll tell you boys it's tough to be alone".

É cantada por um personagem italiano louro, bonito e faminto, Rodolpho, que vai se abrigar numa favela próxima das docas de nova iorque. O pobre no centro do drama contemporâneo > Arthur Miller.

Alemão é tão difícil quanto islandês e polonês, mais difícil que romeno, inglês e as línguas latinas porém mais fácil do que o árabe e o mandarim, por exemplo. Numa escala de dificuldade de 1 a 6 para nativos de português, o alemão está em 3. Na posição 6 fica o !xóõ, falado por 2 mil pessoas em Botsuana. No segundo semestre de alemão, uma dúvida persiste: a grosseria é um traço cultural importado pelos professores ou seria um aspecto inato, cearense mesmo? Eu e Lucíola Limaverde ainda não formamos opinião.

18.8.11

Até agora o que mais gosto em estudar alemão é ter que estudar.

Uma amiga me deu Billy Collins e retribui com Wit, do Mike Nichols. Ficou a cara de quem só curte dark sides. Mas o legal de Wit é que o teatro no vídeo parece viável. Sem falar na aparição de Harold Pinter como o pai de Emma Thompson. Pareceu desproporcional ficar com Billy Collins que é light, gostoso de ler e dar de volta uma boa atuação sobre a morte. Mas pensei só na performance, na imagem do Pinter, no teatro na tela, na mulher especialista em morte na poesia, morrendo de câncer, sendo tratada por um ex-aluno que virou um médico tão competente e profissional quanto ela foi, só que cego para o que está fora de sua atuação, como o sofrimento físico dela. Do mesmo modo como ela foi um dia - pelo menos com um de seus alunos. M. Cunningham cita essa espécie de dia da caça com G. Stein na abertura de Laços de Sangue.

Wit, As Invasões Bárbaras - carreira acadêmica - doença terminal - expiação - morte.

1.8.11

Sinto que este Hawthorne infundiu sementes em minha alma. Ele expande-se e aprofunda-se na medida em que o contemplo; cada vez mais, enterra sua raízes fortes da Nova Inglaterra no solo quente de minha terra do sul.

Herman Melville sobre o seu (crush) amigo Nathaniel Hawthorne


23.7.11

Amy Winehouse fez parte de um momento difícil e especial pra mim, em 2007/2008. Algumas músicas de Back to Black combinavam com aquele momento de fim de relação, como my tears dry on their own e também com uma espécie de grito de liberdade como addicted (I'm my own man...). Depois disso, a falta de continuidade no trabalho e, principalmente, a exposição massiva de seus problemas pessoais transformaram-na, pra mim, na voz, na trilha sonora daquele tempo de rearranjo. E só.

Hoje, a notícia da morte de Amy me chocou. E ainda estou tentando entender isso de uma pessoa que, de tão distante, poderia ser considerada o equivalente de uma personagem de ficção, já que a conhecemos por meros recortes da mídia, ser capaz de despertar um sentimento de pesar como esse (do mesmo modo que as mortes de River Phoenix, Cássia Eller, Heath Ledger e Corey Haim, dentre os que lembro agora). Um primo distante, de quem só recentemente eu soube da existência, sofreu um grave acidente e se encontra no segundo mês de coma. A notícia sobre esse parente não causou estupefação como essa morte. Afinal, dele eu não conhecia nada. Quanto a Amy, eu ao menos conhecia e admirava suas músicas. Isso explica alguma coisa. Mas essa morte era tão provável que chegaram até mesmo a recriar uma réplica da cantora, morta com um tiro na cabeça:


Lamentável. Mas, ano novo, novas trilhas (sonoras). Hoje, sábado, por exemplo, é dia de 




22.7.11

"I AM VIRGINIA WOOLF"

As everybody knows, the fascination of reading biographies is irresistible. V. Woolf em "I AM CHRISTINA ROSSETTI".

20.7.11

Nota de Sontag em 18/11/56: Marriage is based on the principle of inertia. Confirmo isso por empirismo. Preciso de ciclos. Meu álibi: "ter nascido ávido".
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19.7.11

Bowie

Nosso passado a gente inventa. Cada vez mais me convenço disso. Acho até que isso tem a ver com o prazer em ler e criar histórias. Prazer de ver retalhos de imagens, sonhos e experiências diversas tão bem costurados que parecem refletir nossa própria experiência. Autêntica e inventada. Penso agora na imagem do passado que alguns artistas tentam passar e que não correspondem com o relato de pessoas que conviveram com el@s. A Lady Gaga é um exemplo rasteiro, até porque é bem recente. Mas já soube que ela procura passar a ideia de que sempre foi freak e na escola sofria bullying por ser esquisitona. Colegas do seu tempo dizem outra coisa: ela era bem comum, popular até, bem average. Ela rebate dizendo que esses que a contradizem foram exatamente os seus carrascos.

E agora soube que o Bowie também tem disso de ficcionalizar a vida. A maneira como ele descrevia a família (nutty) parece apontar pra um tipo de explicação pro jeito excêntrico dele de ser. Na realidade, segundo uma nova biografia (David Bowie: Starman - Paul Trinka), Bowie era um tipo de aluno comum, inteligente e educado.

Gosto de ler biografias. Apesar do trabalho de pesquisa, muitas vezes penoso, é o tipo de texto que entra na arena da narrativa, do distanciamento, e, inevitavelmente, da invenção. Quando bom, um texto biográfico é ótima literatura. O fato é que o artista quer que tudo vire arte (lou@s e lúcid@s). Isso é o que me atrai nas bios. Por exemplo, Bowie tinha um meio-irmão, Terry. Ele realmente tinha problemas mentais e se matou em 1985 (pôs a cabeça sobre a linha do trem). Com essa passagem trágica de sua vida, Bowie fez Jump They Say, música fantástica:

18.7.11

Tentei ouvir e transcrever as músicas desse disco do Pearl Jam, Ten, o primeiro deles. Desisti porque o som me fez lembrar de muita coisa. A década de 90, que, por sincronia, revivo através de cheiros, discos, youtube e simples buscas por pessoas da época no facebook.
A pessoa mais marcante desse tempo morreu faz uns anos. Ele se chamava Jeroan, e dele tenho as melhores lembranças que se possa ter de uma amizade intensa e transformadora. A gente ouvia muita coisa (rádio, K7 no máximo) e conhecia alguns clipes dessa banda. Depois de ler artigos sobre as bandas de Seattle, tenho uma dimensão melhor da palavra zeitgeist. Mesmo sem fazer ideia do que era ou significava grunge, eu e o Jeroan tivemos essa atmosfera como background.   Ele vinha aqui em casa, eu ia com ele pra dele, todo dia, várias vezes ao dia. Pra fazer nada, além de ficar de bobeira. E o mundo preocupado com tanta amizade, tanta inquietação e desligamento do resto. O tempo, a sensação de homelessness, que agora escuto nas músicas do PJ, ajuda a montar parte dessa história. Que ficou comigo.

17.7.11

Ruptura


Usine à Horta de Ebro é o nome desse quadro de Picasso. A análise dessa obra feita por Martine Joly apresenta  Usine como exemplo do espírito da época (início sec. XX), quando os artistas demonstravam grande confiança na força expressiva da forma (Joyce) - Forster é hostil à amorfia do romance - e rompiam com a representação tradicional, o que repercutiu sobre a representação temporal: a sucessão no tempo (antes, durante e depois) cede lugar para vários "instantâneos", muitos ângulos e muitos momentos de visão no mesmo plano; abre-se espaço para a simultaneidade. Isso tudo me fez lembrar de Meia-Noite em Paris, do Woody Allen, filme que dialoga (brinca) com essa visão da arte vanguardista.

Próxima parada, Eve Sedgwick.    

28.6.11

Há que estar embriagado. Tudo está nisto: é a única questão. Para não sentir o
terrível fardo do Tempo que lhes dilacera os ombros e os encurva para a terra, embriagar-se sem cessar é preciso.
Mas de que? De vinho, poesia ou virtude, a escolha é sua.
Mas embriaguem-se.

Charles Baudelaire


Lendo Ciro Colares, o livro da Lucíola Limaverde, dei de cara com essa sincronia.

15.6.11

Pillow book

Li Pornopopeia e depois do entusiasmo inicial fiquei com a sensação de que eu esperava mais misturada à de que na verdade eu não esperava nada e o livro é simplesmente excitante + cansativo como qualquer video porno...

Agora, Reborn - S. Sontag.
How much of homosexuality is narcissism? Ela questiona numa entrada de 15/09/1949, então com 16 anos. Well, Susan, a great deal of it...