23.7.11

Amy Winehouse fez parte de um momento difícil e especial pra mim, em 2007/2008. Algumas músicas de Back to Black combinavam com aquele momento de fim de relação, como my tears dry on their own e também com uma espécie de grito de liberdade como addicted (I'm my own man...). Depois disso, a falta de continuidade no trabalho e, principalmente, a exposição massiva de seus problemas pessoais transformaram-na, pra mim, na voz, na trilha sonora daquele tempo de rearranjo. E só.

Hoje, a notícia da morte de Amy me chocou. E ainda estou tentando entender isso de uma pessoa que, de tão distante, poderia ser considerada o equivalente de uma personagem de ficção, já que a conhecemos por meros recortes da mídia, ser capaz de despertar um sentimento de pesar como esse (do mesmo modo que as mortes de River Phoenix, Cássia Eller, Heath Ledger e Corey Haim, dentre os que lembro agora). Um primo distante, de quem só recentemente eu soube da existência, sofreu um grave acidente e se encontra no segundo mês de coma. A notícia sobre esse parente não causou estupefação como essa morte. Afinal, dele eu não conhecia nada. Quanto a Amy, eu ao menos conhecia e admirava suas músicas. Isso explica alguma coisa. Mas essa morte era tão provável que chegaram até mesmo a recriar uma réplica da cantora, morta com um tiro na cabeça:


Lamentável. Mas, ano novo, novas trilhas (sonoras). Hoje, sábado, por exemplo, é dia de 




22.7.11

"I AM VIRGINIA WOOLF"

As everybody knows, the fascination of reading biographies is irresistible. V. Woolf em "I AM CHRISTINA ROSSETTI".

20.7.11

Nota de Sontag em 18/11/56: Marriage is based on the principle of inertia. Confirmo isso por empirismo. Preciso de ciclos. Meu álibi: "ter nascido ávido".
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19.7.11

Bowie

Nosso passado a gente inventa. Cada vez mais me convenço disso. Acho até que isso tem a ver com o prazer em ler e criar histórias. Prazer de ver retalhos de imagens, sonhos e experiências diversas tão bem costurados que parecem refletir nossa própria experiência. Autêntica e inventada. Penso agora na imagem do passado que alguns artistas tentam passar e que não correspondem com o relato de pessoas que conviveram com el@s. A Lady Gaga é um exemplo rasteiro, até porque é bem recente. Mas já soube que ela procura passar a ideia de que sempre foi freak e na escola sofria bullying por ser esquisitona. Colegas do seu tempo dizem outra coisa: ela era bem comum, popular até, bem average. Ela rebate dizendo que esses que a contradizem foram exatamente os seus carrascos.

E agora soube que o Bowie também tem disso de ficcionalizar a vida. A maneira como ele descrevia a família (nutty) parece apontar pra um tipo de explicação pro jeito excêntrico dele de ser. Na realidade, segundo uma nova biografia (David Bowie: Starman - Paul Trinka), Bowie era um tipo de aluno comum, inteligente e educado.

Gosto de ler biografias. Apesar do trabalho de pesquisa, muitas vezes penoso, é o tipo de texto que entra na arena da narrativa, do distanciamento, e, inevitavelmente, da invenção. Quando bom, um texto biográfico é ótima literatura. O fato é que o artista quer que tudo vire arte (lou@s e lúcid@s). Isso é o que me atrai nas bios. Por exemplo, Bowie tinha um meio-irmão, Terry. Ele realmente tinha problemas mentais e se matou em 1985 (pôs a cabeça sobre a linha do trem). Com essa passagem trágica de sua vida, Bowie fez Jump They Say, música fantástica:

18.7.11

Tentei ouvir e transcrever as músicas desse disco do Pearl Jam, Ten, o primeiro deles. Desisti porque o som me fez lembrar de muita coisa. A década de 90, que, por sincronia, revivo através de cheiros, discos, youtube e simples buscas por pessoas da época no facebook.
A pessoa mais marcante desse tempo morreu faz uns anos. Ele se chamava Jeroan, e dele tenho as melhores lembranças que se possa ter de uma amizade intensa e transformadora. A gente ouvia muita coisa (rádio, K7 no máximo) e conhecia alguns clipes dessa banda. Depois de ler artigos sobre as bandas de Seattle, tenho uma dimensão melhor da palavra zeitgeist. Mesmo sem fazer ideia do que era ou significava grunge, eu e o Jeroan tivemos essa atmosfera como background.   Ele vinha aqui em casa, eu ia com ele pra dele, todo dia, várias vezes ao dia. Pra fazer nada, além de ficar de bobeira. E o mundo preocupado com tanta amizade, tanta inquietação e desligamento do resto. O tempo, a sensação de homelessness, que agora escuto nas músicas do PJ, ajuda a montar parte dessa história. Que ficou comigo.

17.7.11

Ruptura


Usine à Horta de Ebro é o nome desse quadro de Picasso. A análise dessa obra feita por Martine Joly apresenta  Usine como exemplo do espírito da época (início sec. XX), quando os artistas demonstravam grande confiança na força expressiva da forma (Joyce) - Forster é hostil à amorfia do romance - e rompiam com a representação tradicional, o que repercutiu sobre a representação temporal: a sucessão no tempo (antes, durante e depois) cede lugar para vários "instantâneos", muitos ângulos e muitos momentos de visão no mesmo plano; abre-se espaço para a simultaneidade. Isso tudo me fez lembrar de Meia-Noite em Paris, do Woody Allen, filme que dialoga (brinca) com essa visão da arte vanguardista.

Próxima parada, Eve Sedgwick.