27.10.10
25.10.10
O último texto da Granta em português, cujo tema é Ambição, termina como uma bomba, pelo menos para mim que no mestrado divergi da idéia de que em arte se pode tudo (poder tudo em arte é bonito, como conceito, só que o holocausto, hiroxima, e diversos outros horrores, relativizaram terminantemente essa questão pra mim) e impressionante, fui voz solitária contra se abordar apenas a "obra em si" apartada de seu contexto histórico.
Bem, após a leitura de O falso mentiroso (memórias), uma obra de ficção na realidade, do Silviano Santiago, em que o enredo pode ser lido quase como um tratado a favor da cópia, da ambigüidade, e mais interessante, da desopilação, no que se refere à fragmentação do indivíduo em vários sujeitos na atualidade - não há crise de identidade, o narrador parece muito bem resolvido com suas imprecisões - li a reportagem da Granta, O homem de duas cabeças. Trata-se da história de um verdadeiro impostor. Muito bem escrita, por sinal, por Elena Lappin, no estilo new journalism, texto jornalístico escrito com requintes literários.
O protagonista é um tal de Bruno Grosjean, professor de clarinete, que na década de 90 publicou, assinando como Binjamin Wilkomirski, suas "memórias" Fragments, memories of a childhood 1939-1948, mais um relato sobre o holocausto que alcançou grande repercussão na época. Nele, Binjamin/Bruno narra os horrores que vivenciou durante a segunda guerra. A obra recebeu condecorações de institutos da memória do holocausto em várias partes do mundo, foi objeto de documentários, e recebeu um prêmio literário nos Estados Unidos na categoria biografia.
No entanto, especialistas sobre o tema levantaram a questão sobre a autenticidade do relato biográfico, pois como dizem, se toda mentira tem perna curta, aos poucos perceberam não só lacunas e ficção na obra, como também diferentes versões orais sobre a mesma experiência a partir dos documentários. Por um lado, Binjamin/Bruno teimava que havia sobrevivido ao holocausto, apesar da pouca idade, apesar de que não há registros de crianças que sobreviveram a Auschwitz; por outro, vários sobreviventes, que não eram crianças no período, reconheceram como autênticas várias passagens do livro. Houve até mesmo o caso de um homem que perdeu o filho num campo de concentração, que também chamava-se Binjamin, e tanto o escritor de Fragments quanto esse homem "acreditaram ser pai e filho".
O fato é que Bruno Grocejan nasceu na Suiça, de origem humilde, foi adotado por uma família abastada, e além da formação musical, também cursou história. Foi quando passou a criar seu arquivo sobre o holocausto. Segundo Lappin, o embuste fictício lembra muito a própria história de Bruno. Fora adotado, passou alguns anos num orfanato suiço. Lugar que pode lembrar a prisão reconstruída no relato ficcional/biográfico. Suas histórias, de Bruno e Binjamin, sobre um garoto que não sabe de onde veio, não conheceu os pais, são as mesmas.
Mesmo considerando que, descoberta a farsa, o valor literário da obra distingue-se ainda mais, até que ponto podemos julgar os méritos de uma obra ficcional que foi difundida como verídica? E muito mais grave, colaborando com a idéia de que tudo não passa de ficção, como alegam os países que são hoje sufocados por Israel.
Granta, 4: ambição. Objetiva, 2009.
Bem, após a leitura de O falso mentiroso (memórias), uma obra de ficção na realidade, do Silviano Santiago, em que o enredo pode ser lido quase como um tratado a favor da cópia, da ambigüidade, e mais interessante, da desopilação, no que se refere à fragmentação do indivíduo em vários sujeitos na atualidade - não há crise de identidade, o narrador parece muito bem resolvido com suas imprecisões - li a reportagem da Granta, O homem de duas cabeças. Trata-se da história de um verdadeiro impostor. Muito bem escrita, por sinal, por Elena Lappin, no estilo new journalism, texto jornalístico escrito com requintes literários.
O protagonista é um tal de Bruno Grosjean, professor de clarinete, que na década de 90 publicou, assinando como Binjamin Wilkomirski, suas "memórias" Fragments, memories of a childhood 1939-1948, mais um relato sobre o holocausto que alcançou grande repercussão na época. Nele, Binjamin/Bruno narra os horrores que vivenciou durante a segunda guerra. A obra recebeu condecorações de institutos da memória do holocausto em várias partes do mundo, foi objeto de documentários, e recebeu um prêmio literário nos Estados Unidos na categoria biografia.
No entanto, especialistas sobre o tema levantaram a questão sobre a autenticidade do relato biográfico, pois como dizem, se toda mentira tem perna curta, aos poucos perceberam não só lacunas e ficção na obra, como também diferentes versões orais sobre a mesma experiência a partir dos documentários. Por um lado, Binjamin/Bruno teimava que havia sobrevivido ao holocausto, apesar da pouca idade, apesar de que não há registros de crianças que sobreviveram a Auschwitz; por outro, vários sobreviventes, que não eram crianças no período, reconheceram como autênticas várias passagens do livro. Houve até mesmo o caso de um homem que perdeu o filho num campo de concentração, que também chamava-se Binjamin, e tanto o escritor de Fragments quanto esse homem "acreditaram ser pai e filho".
O fato é que Bruno Grocejan nasceu na Suiça, de origem humilde, foi adotado por uma família abastada, e além da formação musical, também cursou história. Foi quando passou a criar seu arquivo sobre o holocausto. Segundo Lappin, o embuste fictício lembra muito a própria história de Bruno. Fora adotado, passou alguns anos num orfanato suiço. Lugar que pode lembrar a prisão reconstruída no relato ficcional/biográfico. Suas histórias, de Bruno e Binjamin, sobre um garoto que não sabe de onde veio, não conheceu os pais, são as mesmas.
Mesmo considerando que, descoberta a farsa, o valor literário da obra distingue-se ainda mais, até que ponto podemos julgar os méritos de uma obra ficcional que foi difundida como verídica? E muito mais grave, colaborando com a idéia de que tudo não passa de ficção, como alegam os países que são hoje sufocados por Israel.
Granta, 4: ambição. Objetiva, 2009.
12.10.10
bem, eu esperava mais de os anões da verônica stigger. mas deve ser melhor na relida. no entanto o conto tailândia, do haruki mukarami, da edição granta português, da vontade de reler logo em seguida. comprei por causa da primeira frase de um conto do verissimo, que, não sei, tem boas frases. um rabugento bom de ler: aristófanes.
falando em boas frases:
“That life may be lived more abundantly”
de um poema de ange mlinko (nice to meet you)
falando em boas frases:
“That life may be lived more abundantly”
de um poema de ange mlinko (nice to meet you)
9.10.10
Se escuto Cat Power, lá fora os cães ladram.
A lugubridade pesa e me mato em abdominais
Quantos sobreviveram a um coco na cabeça?
Vontade de ler David Foster Wallace
Comprei ímãs pra nada
E um macaco de borracha bronheiro
Não sei o que fazer com boa idéia,
Acanho e deixo passar
Vício: dicionário eletrônico houaiss
Vício: country music
Não vicio em cigarro
Vício: imitar os filmes com finais alternativos na vida
Indicaram-me um belo terapeuta
Vício: talento violeta
A lugubridade pesa e me mato em abdominais
Quantos sobreviveram a um coco na cabeça?
Vontade de ler David Foster Wallace
Comprei ímãs pra nada
E um macaco de borracha bronheiro
Não sei o que fazer com boa idéia,
Acanho e deixo passar
Vício: dicionário eletrônico houaiss
Vício: country music
Não vicio em cigarro
Vício: imitar os filmes com finais alternativos na vida
Indicaram-me um belo terapeuta
Vício: talento violeta
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