7.3.08

tu tu tu

Vicêncio sente o céu da boca escapelado com a língua, acende o cigarro enquanto ouve com uma fagulha de alegria as músicas da Amy.
O tal Gabriel deu o telefone errado; não queria nada, só o flerte. Filho da puta! Certamente nem Gabriel se chama. Marcílio, que um dia Vicêncio recusou, agora está muito bem casado, obrigado. Quem topava todas sempre, Rafael, adoeceu e não quer falar sobre isso. There makes no difference if I end up alone! Será essa minha sorte? Vicêncio pensa assim, simples mesmo. Carlos está fora de cogitação, sacana incorrigível, quer tirar vantagem em tudo. Apesar de insuperável na cama, no banheiro, na cozinha. Love is a losing game! Oh yeah Amy. Talvez seja o momento de pensar na Kelly. Será que ela ainda me ama? Crente do jeito que é, talvez sim. Vicêncio baixa o som e liga pra Lola.
"E aí?"
"Diz baitola!"
"Ei, tou down. Acho que já tou cansando desses caras. Sabe, tou pensando em dar um tempo e namorar mulher."
"É, manda ver."
"Preciso de alguém que ligue pra mim, sabe, alguém que escute meus medos e tudo e tal. Sexo, não acho que precise tanto disso agora."
"Sei." Lola ri e promete ligar num instante, precisa ir ao banheiro.
Vicêncio permanece ouvindo o som mecânico e repetitivo do telefone fora do gancho.
They try to make me go to rehab. Vicêncio repete ritmado com o sinal enfadonho: no, no, no.

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