Uma maçã repousa sobre a superfície branca do balcão bem no meio do meu apartamento. Passaram-se dias, ensolarados, nublados; passaram-se mesmo partidas e adeuses. Gente subindo e gente descendo o mapa do mundo. E o que há com essa maçã que tanto resiste? Não há nela uma mácula que seja, nenhum sinal de degradação. E está apartada do galho, penso comigo. Permance corada e bela. Será que posso comê-la depois de tanto tempo? Gosto de maçãs como adornos comestíveis. Sempre que uma estraga, geralmente a última, ponho no lixo com aquela sensação de pesar, mas de conformidade. Essa insurreição mesmo que heróica é desordeira, ameaçadora, irreal. Preciso ser forte, lembrar muito bem o que acontece quando se permite que o irreal se encante. Tenho que.
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