25.2.11
heart block - cloudy rainy weather listening to gorillaz plastic beach and it's great, on jellyfish track i think i heard "don't waste your time on the net"; sometimes you know the thing but you need to hear the thing from out of your head - good fuck and sleep are the key to something i don't dare to name right now.
19.2.11
A Great Unrecorded History
Ler biografias é interessante, a narrativa parece sempre acabar de forma abrupta. Por mais que o livro seja um calhamaço de 400, 500 páginas. E por mais que seja descrita pontuando apenas o que é relevante. Ontem cheguei à ultima página de A Great Unrecorded History, biografia divertida e concentrada na vida sexual de Edward Morgan Forster, autor de Howards End, Passagem para a Índia, Maurice, etc. Colm Tóibin diz que Moffat, a autora desta biografia, recriou uma vida muito mais interessante do que na realidade foi. Como ele pode saber? O que quer que ele conteste ou acredite saber será tão "fictício" quanto a versão de Moffat.
Um fato intrigante colocado no fim do livro é que Morgan determinou em testamento de que tudo aquilo que ele escreveu a mão não fosse digitalizado, ou copiado por qualquer tipo de máquina. Daí que cadernos, diários, cartas, dentre outros manuscritos, estão espalhados por universidades nos dois lados do Atlântico. Os pesquisadores precisam se deslocar até o Texas, Califórnia, Connecticut (Beinecke Library - maior biblioteca de manuscritos e livros raros do mundo) e Londres caso queiram copiar (também à mão) o que precisam. O curioso é que a vontade do artista prevaleceu à demandas acadêmicas e do mercado editorial. Claro que contrariar o desejo de Kafka, por exemplo, de destruir seus manuscritos após a sua morte são outros quinhentos... mas mesmo assim...
Recomendo a leitura dessa biografia, está disponível na livraria cultura, e ainda não foi traduzida no Brasil.
Um fato intrigante colocado no fim do livro é que Morgan determinou em testamento de que tudo aquilo que ele escreveu a mão não fosse digitalizado, ou copiado por qualquer tipo de máquina. Daí que cadernos, diários, cartas, dentre outros manuscritos, estão espalhados por universidades nos dois lados do Atlântico. Os pesquisadores precisam se deslocar até o Texas, Califórnia, Connecticut (Beinecke Library - maior biblioteca de manuscritos e livros raros do mundo) e Londres caso queiram copiar (também à mão) o que precisam. O curioso é que a vontade do artista prevaleceu à demandas acadêmicas e do mercado editorial. Claro que contrariar o desejo de Kafka, por exemplo, de destruir seus manuscritos após a sua morte são outros quinhentos... mas mesmo assim...
Recomendo a leitura dessa biografia, está disponível na livraria cultura, e ainda não foi traduzida no Brasil.
17.2.11
Joe Ackerley era um dos amigos mais próximos do Morgan (E. M. Forster), 17 anos mais jovem, muito bonito, rico e da pá virada. Na biografia de Forster, escrita por Wendy Moffat, A Great Unrecorded History, Joe aparece como sex machine, tipo, se algo (um cara) se mexesse ele voava em cima. A preferência era por guardas, policiais, e até ladrões - ele se fazia na boca do lixo.
No entanto, acabei de ver que não era bem assim. Um artigo da NYorker mostra que o grande amor da vida de Joe foi uma cadela, Queenie, uma pastor alemão com quem ele viveu 15 anos. Ao lado dela, a vida social dele foi esfriando. Joe escreveu um único romance, We Think The World of You (1960), que, apesar de apresentar personagens gays - até 1967 ser gay era crime na Inglaterra, o enredo gira em torno da cadela Evie. O artigo fala que Joe era do tipo que não engatava relacionamento com ninguém e os pegas dele ficavam só na punheta camarada. Ele tinha nojo do resto. O que levou o biógrafo mais reconhecido de Morgan (P. S. Furbank) a afirmar que Joe era hétero e não sabia. A relação bizarra dele com Queenie seria um indício. Joe descrevia em minúncias coisas tipo: a delicadeza de Queenie fazendo número 2, como ela lembrava um tripé estrategiacamente postada para não se sujar na própria caca; e quando Queenie entrava no cio, sua vulva era massageada por Joe até ele receber jorros do líquido quente dela nas mãos. Ele chegava a detalhar sobre o que fazia com o dedo na safadinha... Queenie era hiper ciumenta, não suportava ver ninguém perto de Joe, e ele um completo freak: ele também gostava de observar a transformação de Queenie no bicho que de fato era, por exemplo, quando ela caçava coelhos. Joe esmiuçava até mesmo isso em seu diário: a beleza assassina, predadora de Queenie, ao estalar o crânio de coelhos entre os dentes.
Joe encarava esse tipo de descrição naturalmente, assim como ele fazia com tudo na vida. Morgan (na biografia) o aconselhava bastante, geralmente em relação ao jeito folgado do amigo, que podia ser confundido com abuso: "Menos Joe, menos..." Segundo o artigo, tanto no romance quanto em suas outras obras, três livros de memórias - um deles à Queenie, My Dog Tulip (1956) - Joe problematiza justamente isso: o que pode ser dito? O que implica mostrar aquilo que não se menciona, por convenção?
No entanto, acabei de ver que não era bem assim. Um artigo da NYorker mostra que o grande amor da vida de Joe foi uma cadela, Queenie, uma pastor alemão com quem ele viveu 15 anos. Ao lado dela, a vida social dele foi esfriando. Joe escreveu um único romance, We Think The World of You (1960), que, apesar de apresentar personagens gays - até 1967 ser gay era crime na Inglaterra, o enredo gira em torno da cadela Evie. O artigo fala que Joe era do tipo que não engatava relacionamento com ninguém e os pegas dele ficavam só na punheta camarada. Ele tinha nojo do resto. O que levou o biógrafo mais reconhecido de Morgan (P. S. Furbank) a afirmar que Joe era hétero e não sabia. A relação bizarra dele com Queenie seria um indício. Joe descrevia em minúncias coisas tipo: a delicadeza de Queenie fazendo número 2, como ela lembrava um tripé estrategiacamente postada para não se sujar na própria caca; e quando Queenie entrava no cio, sua vulva era massageada por Joe até ele receber jorros do líquido quente dela nas mãos. Ele chegava a detalhar sobre o que fazia com o dedo na safadinha... Queenie era hiper ciumenta, não suportava ver ninguém perto de Joe, e ele um completo freak: ele também gostava de observar a transformação de Queenie no bicho que de fato era, por exemplo, quando ela caçava coelhos. Joe esmiuçava até mesmo isso em seu diário: a beleza assassina, predadora de Queenie, ao estalar o crânio de coelhos entre os dentes.
Joe encarava esse tipo de descrição naturalmente, assim como ele fazia com tudo na vida. Morgan (na biografia) o aconselhava bastante, geralmente em relação ao jeito folgado do amigo, que podia ser confundido com abuso: "Menos Joe, menos..." Segundo o artigo, tanto no romance quanto em suas outras obras, três livros de memórias - um deles à Queenie, My Dog Tulip (1956) - Joe problematiza justamente isso: o que pode ser dito? O que implica mostrar aquilo que não se menciona, por convenção?
11.2.11
tired of beauty
satisfied with physical exaustion
puzzled by my being a friend
i like constructions like this:
puzzled by my being a friend
or
i appreciate your sucking
and
i'll wash the blood from my hands and get out of here so kiss me goodbye 'coz i really have to get my ass off
people go south
with books of mine which were not a gift of mine
were just my lending them (yeah that construction)
some other time i like to think of them people with my books
i even like to think of my books taken away, lost forever, maybe already recycled in news paper
well
i like the syntagma FUCK OFF
and that makes me remember the missing of my reading (yeah yeah again) of hornby
satisfied with physical exaustion
puzzled by my being a friend
i like constructions like this:
puzzled by my being a friend
or
i appreciate your sucking
and
i'll wash the blood from my hands and get out of here so kiss me goodbye 'coz i really have to get my ass off
people go south
with books of mine which were not a gift of mine
were just my lending them (yeah that construction)
some other time i like to think of them people with my books
i even like to think of my books taken away, lost forever, maybe already recycled in news paper
well
i like the syntagma FUCK OFF
and that makes me remember the missing of my reading (yeah yeah again) of hornby
tentei traduzir esse poema "pensamentos perigosos" mas tá ruim de ficar bom
Dangerous thoughts
Said Myrtias (a Syrian student
in Alexandria during the reign
of the Emperor Konstans and the Emperor Konstantios;
in part a heathen, in part chistianized):
“Strengthened by study and reflection.
I won’t fear my passions like a coward;
I’ll give my body to sensual pleasures,
to enjoyments I’ve dreamed of,
to the most audacious erotic desires,
to the lascivious impulses of my blood,
with no fear at all, because when I wish—
and I’ll have the will-power, strengthened
as I shall be by study and reflection—
when I wish, at critical moments I will recover
my spirit, ascetic as it was before.”
Cavafy
Dangerous thoughts
Said Myrtias (a Syrian student
in Alexandria during the reign
of the Emperor Konstans and the Emperor Konstantios;
in part a heathen, in part chistianized):
“Strengthened by study and reflection.
I won’t fear my passions like a coward;
I’ll give my body to sensual pleasures,
to enjoyments I’ve dreamed of,
to the most audacious erotic desires,
to the lascivious impulses of my blood,
with no fear at all, because when I wish—
and I’ll have the will-power, strengthened
as I shall be by study and reflection—
when I wish, at critical moments I will recover
my spirit, ascetic as it was before.”
Cavafy
tradução pro inglês: 1992, Edmund Keeley and Philip Sherrard
2.2.11
Lendo a biografia de E. M. Forster, A Great Unrecorded History. Está sendo uma aula sobre queer art na primeira metade do século passado. Forster fazia boas amizades através de seus ensaios, que despertavam a empatia principalmente de artistas iniciantes. Eles geralmente identificavam entrelinhas que passavam batidas pelo público leitor em geral. É o caso de Paul Cadmus, pintor e desenhista americano.
Esse é um dos trabalhos mais famosos dele, The Flett's Inn, de 1934. A tela teve de ser removida da galeria em que foi exibida na época. A representação do casal gay incomodou o público.
Essa outra, Jerry (1931) teve como modelo Jerry
French, amante de Paul. Jerry era casado com Margaret Hoening, também artista plástica. Formavam um menage a trois famoso. O que deixava Forster intrigado, ele que tinha o povo do Bloomsburry como referência, só que estes eram muito discretos em comparação com o trio novaiorquino. Parece que os três realmente funcionavam como um trio, iam pra cama juntos e tal. Essa pintura comemorava o Bloomsday, e também era bem subversiva pois ilustra o livro de Joyce, que na época estava proibido de circular. Era um livro maldito.
Cadmus produziu bastante e o trabalho dele é fantástico. Esse aqui é Arabesque, que tem várias versões tanto em gravura quanto pintura. Para Forster, tanto o trabalho quanto o estilo de vida dos amigos americanos o atraía por serem descomplicados, bem-humorados, sem medo. A condenação de Oscar Wilde o traumatizou. Talvez por isso os ensaios dele sejam repletos de mensagens subliminares, com as quais os artistas mais novos se identificavam: "Tolerance, good temper, and sympathy are no longer enough in a world which is rent by religious and racial persecution, in a world were ignorance rules..." e por aí vai num dos ensaios mais famosos dele, What I Believe.
Essa outra, Jerry (1931) teve como modelo Jerry
French, amante de Paul. Jerry era casado com Margaret Hoening, também artista plástica. Formavam um menage a trois famoso. O que deixava Forster intrigado, ele que tinha o povo do Bloomsburry como referência, só que estes eram muito discretos em comparação com o trio novaiorquino. Parece que os três realmente funcionavam como um trio, iam pra cama juntos e tal. Essa pintura comemorava o Bloomsday, e também era bem subversiva pois ilustra o livro de Joyce, que na época estava proibido de circular. Era um livro maldito.
Cadmus produziu bastante e o trabalho dele é fantástico. Esse aqui é Arabesque, que tem várias versões tanto em gravura quanto pintura. Para Forster, tanto o trabalho quanto o estilo de vida dos amigos americanos o atraía por serem descomplicados, bem-humorados, sem medo. A condenação de Oscar Wilde o traumatizou. Talvez por isso os ensaios dele sejam repletos de mensagens subliminares, com as quais os artistas mais novos se identificavam: "Tolerance, good temper, and sympathy are no longer enough in a world which is rent by religious and racial persecution, in a world were ignorance rules..." e por aí vai num dos ensaios mais famosos dele, What I Believe.
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