Ler biografias é interessante, a narrativa parece sempre acabar de forma abrupta. Por mais que o livro seja um calhamaço de 400, 500 páginas. E por mais que seja descrita pontuando apenas o que é relevante. Ontem cheguei à ultima página de A Great Unrecorded History, biografia divertida e concentrada na vida sexual de Edward Morgan Forster, autor de Howards End, Passagem para a Índia, Maurice, etc. Colm Tóibin diz que Moffat, a autora desta biografia, recriou uma vida muito mais interessante do que na realidade foi. Como ele pode saber? O que quer que ele conteste ou acredite saber será tão "fictício" quanto a versão de Moffat.
Um fato intrigante colocado no fim do livro é que Morgan determinou em testamento de que tudo aquilo que ele escreveu a mão não fosse digitalizado, ou copiado por qualquer tipo de máquina. Daí que cadernos, diários, cartas, dentre outros manuscritos, estão espalhados por universidades nos dois lados do Atlântico. Os pesquisadores precisam se deslocar até o Texas, Califórnia, Connecticut (Beinecke Library - maior biblioteca de manuscritos e livros raros do mundo) e Londres caso queiram copiar (também à mão) o que precisam. O curioso é que a vontade do artista prevaleceu à demandas acadêmicas e do mercado editorial. Claro que contrariar o desejo de Kafka, por exemplo, de destruir seus manuscritos após a sua morte são outros quinhentos... mas mesmo assim...
Recomendo a leitura dessa biografia, está disponível na livraria cultura, e ainda não foi traduzida no Brasil.
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