29.7.10

Sensação de incerteza, dúvida não sei de quê, tipo quando não sei se realmente acordei ou ainda sonho. Tenho motivos. Não sei se ganhei na loteria ou perdi. Tinha que ser numa quinta-feira. Melhor dia pra mim desde quando eu era preenchido.

Limpando livros, catalogando, dando uma olhadinha neles, e ouvindo o maravilhoso Mellon Collie and the Infinite Sadness.

Ganhei de presente faz tempo uma antologia, Poesia Moderna Russa, com reescrita dos irmãos Campos e Boris Schnaiderman. Abri num poema que gostei bastante, combinando com essa quinta de faxina transcendental:

Uma vez mais, uma vez mais
Sou para você
Uma estrela
Ai do marujo que tomar
O ângulo errado de marear
Por uma estrela:
Ele se despedaçará nas rochas,
Nos bancos sob o mar.
Ai de você por tomar
O ângulo errado de amar
Comigo: você
Vai se despedaçar nas rochas
E as rochas hão de rir
Por fim
Como você riu de mim

1919-1921

Vielimir Khlébnikov (1885-1922)
Tradução de Augusto de Campos

Fosse antigamente, teria me livrado dessa antologia fantástica pra jogar fora simbolicamente quem me deu. Agora não mais. Será que isso é amadurecimento?

Outro livro de poemas que abri inadvertidamente e certeiro pra essa quinta é do grande Walt Whitman:
Juventude não é o que tem a ver
comigo, delicadeza tampouco...

me entusiasmei e pus no twitter - que ainda não sei usar.

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